20 February 2008

Ándate por los Andes

Revoadas de borboletas
Brigas de touros
Palafitas
Cabanas de argila e palha
Os trens
As pessoas nos trens
O amanhecer no Altiplano
As mulheres que correm sem destino
E os que defecam acocorados em público

O soroche
Os tshaskis
Os tambos
Os pucaras
As panacas
O Tawantisuyu
E as guacas

As colinas
Com carneiros
Burricos
Crianças
Plantações de flores
São tão difíceis de descer

Noites estreladas do deserto
Lagoas que espelham o céu
Pueblos perdidos na poeira
Cósmica?

Pablo Neruda na parede
Falando das minas de Chuquicamata
E como a gente se sente ao chegar
Nos Andes

Um índio grande e gordo chamado Jesús ouvia uma música que diz:

Andes lo que andes, ándate por los Andes.

Os chilenos rasgam sacos de trigo
Dos peruanos, dos bolivianos
Que são pobres e escuros
E falam línguas que não podem escrever

A única coisa que separa ainda
Chilenos e bolivianos
É uma faixa de terra
Uma fronteira
Na cabeceira
Da Bolívia que não dorme

Nem descansa
Do trabalho nas minas
Das minas terrestres
Que ainda dividem
Bolivianos e chilenos

Nós que somos brasileiros
E nada temos com isso
Andamos pelos Andes
A repetir:

Hasta la Bolívia, siempre.

2 comments:

Diogo B.F. said...

bravo...

Diogo B.F. said...

fico me perguntando qual a complexidade da sua escrita, no que voce pensa, as estruturas inalcansaveis que apenas tocam o sentimento, mas que no fundo sao construcoes exatas, ou nao... fico apenas me perguntando quanta pesquisa, ou quanto tempo voce levou para pensar em cada palavra. Quais tecnicas aprendidas na universidades e nas leituras. Nao nesse texto especificamente, em variados.
Se der pra falar alguma coisa sobre isso, me fala. Beijo.