27 May 2008

Hordas de palavras bárbaras

Hordas de palavras bárbaras que se empurram em desfiladeiros derrapantes numa espécie de Serra Pelada em convulsão, prestes a explodir como um vulcão ao contrário, cuspindo todas as palavras que não formaram frases, que serviram a nada. E eu, às suas bordas, como um pescador pobre esticando minha varinha de bambu para capturar algum sentido.

17 May 2008

Hordas de bárbaros

Hordas de bárbaros habitam minha mente.
Preciso me organizar.
FN

14 May 2008

A Marcha de Catarina

Catarina saiu pelas ruas com seu vestido florido, atravessando vendavais de esquina, tempestades de quarteirão, praças desertas e becos lotados. Marchou, furiosamente, por uma hora e quarenta e três minutos até se lembrar o motivo pelo qual havia saído. E percebeu, pela primeira vez, que não poderia mais voltar.

Então, caminhou por mais uma hora, até estar bastante distante, e concluiu que deveria abandonar a cidade. Diante dos muros baixos de uma casa cor de tijolo, decidiu que teria 15 dias para cruzar a fronteira. 'Um dia para me despedir de cada ano que vivi aqui'. Tratou de excluir os três primeiros anos, que sua memória não alcançava, e alguns outros que julgava terem sido desprezíveis.

11 May 2008

Em modo terceira pessoa

"Eu tinha um comportamento distanciado, talvez pela minha experiência de vida; estava nos lugares, mas ao mesmo tempo estava na 'terceira pessoa'. Mantinha um olhar de fora e comecei a achar que isso era cinema". MG

Achei sympa.

04 May 2008

Insultos do destino

"Escravo do temperamento como das circunstâncias, insultado pela indiferença dos Homens como pela sua afeição a quem supõem que sou... Os insultos humanos do Destino". FP

O estrangeirismo do meu eu

Porque tudo que não é escola, letras e um-mundo-melhor, não sou eu.

Que não é chuva de verão nem sol de inverno, não sou eu.

Que não é soluço de horror ou canto de mágoa, não sou eu.


Que não é quietude do que voa, não sou eu.

Que não é gentileza desmedida, não sou eu.


Que não são carinhos e fúrias de colecionador, não sou eu.

Que não são desfechos espetaculares para histórias sem começo, não sou eu.


Portanto e para tanto, sou eu estrangeira em minha terra, no meio de minha gente, estrangeira assim. Sinto-me estranha na forçosa convivência diária. Preciso voltar à casa onde habita meu eu e outros poucos. Para ser feliz.