Eu, que suporto com bravura as dores agudas, nada sei sobre os mistérios do claustro.
Nesses dias de ócio, acabei por associar, com nostalgia, fatos antigos e dispersos, que talvez me sejam peculiares. No primeiro dia de jardim de infância, com 3 anos, corri em disparada em direção à piscina da escola e pulei na água feito mártir. Estava de roupa e bati com o nariz (ou a boca) na borda. Criei um tumulto no lugar e fui entregue à minha mãe com algum sangramento na face. Apesar dos efeitos colaterais, terminei esse dia com saldo positivo, achando que a escola era pura aventura.
Essa cena se repetiu inúmeras vezes, em diversos lugares: de uniforme, de pijama, de vestido, correndo loucamente para pular n'água. Em tempos imemoriais, essa era a forma de me atirar na vida, de torná-la toda minha num instante, de compensar a inquietação. Sem planejamento ou autorização, eu me atirava no sonho mais escorregadio e irracional: a sensação vital da felicidade.
Felicidade que não está embutida no acúmulo de fatos corridos, mas que toma nossos corações e mentes numa explosão particular. Explodir é preciso. A primeira lei do universo, desde o Big Ben.
O que me leva a recorrer a FG:
Todos te buscam, facho
de vida, escuro e claro,
que é mais que a água na grama
que o banho no mar, que o beijo
na boca, mais
que a paixão na cama.
Todos te buscam e só alguns te acham. Alguns
te acham e te perdem.
Outros te acham e não te reconhecem.
e há os que se perdem por te achar,
ó desatino
ó verdade, ó fome
de vida!
03 December 2008
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
2 comments:
me identifico carnalmente. Nao sei se o espirito e' o mesmo. Sei que nossas almas sao parentes ou amantes. Eu ao inves de pular na piscina de roupa, saia (as vezes de cueca) na rua correndo e subindo arvores. No fundo, no fim, alivio um sufocamento constante. Esse medianismo odiador!!
e odiante
Post a Comment