21 December 2011

Carta (moderna) para uma amiga (antiga)

(...)

Em relação a isso, eu concordo, porque sou muito parecida com você. Mas vamos pensar grande de novo: o importante é que temos consciência disso, que refletimos muito, que buscamos nos conhecer cada vez mais, que não fugimos da batalha interior... Pena eu tenho de quem passa a vida inteira na completa escuridão de si mesmo, de quem se acha perfeito, de quem não tem complexidade, de quem não sabe sofrer e tirar do sofrimento um motivo para se tornar um ser humano melhor.

Há algum tempo, concluí que as pessoas são definidas não pelas respostas que encontram, mas pelas perguntas que fazem. Provavelmente, nós nunca encontraremos conclusões duradouras sobre nada (por isso, disse no email anterior que estamos sempre começando). Na verdade, nosso valor está no alto nível das perguntas que fazemos sobre a vida e sobre nós mesmos. Por todos esses questionamentos, podemos até ser um pouco confusas... Mas nunca, nunca, nunca seremos pessoas banais!

Tem uma outra frase da peça que me tocou muito (e me veio à cabeça quando terminei de ler seu email). Era sobre um personagem de uma parábola que estava diante da encruzilhada entre o bom e o justo (nem sempre o bom é o justo e vice-versa). O que marcava esse personagem é que ele sempre mantinha um alto nível de tensão interior - mesmo quando precisava executar uma ação contrária à sua verdadeira vontade.

Provavelmente, ainda viveremos várias situações contrárias à nossa vontade. Mas não deixemos de fazer perguntas difíceis nem de manter esse alto nível de tensão interior. É a forma de não se entregar.

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