05 September 2007
Estilingue e diário
A mãe lhe dizia para não mexer na sacola. O moleque continuou até achar um toco de quiabo. Ajeitou o legume num estilingue de galhos e acertou a nuca do pai que dirigia. O carro comeu a linha divisória da pista. O pai reclamou muito. A mãe, no banco de carona, esticou-se para apreender a arma. A garotinha que escrevia num diário, silenciosa, tateou no peito uma chavinha que pendia de cordão dourado. Fechou o cadeado do diário. Deu um soco no irmão... e um suspiro. Como se não fosse nada, voltou a abrir a tranca, sentiu o perfume das páginas e concentrou-se em escrever. A mãe protestou, histérica. Disse à pequena escritora que, da próxima, apanharia por bater no irmão. Cinco minutos depois, o mesmo copinho plástico de garrafa térmica passava de mão em mão. Beberam suco de goiaba.
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