Dei "Ficções", do Borges, para um amigo em seu aniversário. Nesta semana, ele me disse "A verdade? Não gostei. Pareceu arrogante". Respondi "A verdade? Eu sabia que não gostaria quando comprei o livro".
Este é o problema fundamental em dar presentes: saber se devemos dar o que a pessoa vai gostar ou se devemos abrir uma janelinha na vida dela, para que veja algo que não veria sozinha. É como tirar algo da invisibilidade e fazê-lo existir no mundo de outra pessoa. Prefiro sempre esta opção.
E-MAIL PARA O AMIGO
Achei uma entrevista do Cortázar em que ele fala sobre escrever bem e escrever de verdade. Claro que, para mim, Borges escreve inacreditavelmente das duas maneiras. Mas compreendo quando as pessoas não se sentem tocadas mesmo com tal nível de refinamento estético. A verdade dele não é a sua verdade. Eu sei como é isso. Segue o texto. Um beijão
“Es muy fácil advertir que cada vez escribo menos bien, y ésa es precisamente mi manera de buscar un estilo. Algunos críticos han hablado de regresión lamentable, porque naturalmente el proceso tradicional es ir del escribir mal al escribir bien. Pero a mí me parece que entre nosotros el estilo es también un problema ético, una cuestión de decencia. ¡Es tan fácil escribir bien! ¿No deberíamos los argentinos (y esto no vale solamente para la literatura) retroceder primero, bajar primero, tocar lo más amargo, lo más repugnante, lo más obsceno, todo lo que una historia de espaldas al país nos escamoteó tanto tiempo a cambio de la ilusión de nuestra grandeza y nuestra cultura, y así, después de haber tocado fondo, ganarnos el derecho a remontar hacia nosotros mismos, a ser de verdad lo que tenemos que ser?” (Cortázar)
17 August 2007
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1 comment:
Também voto na segunda opção!
Bjs!
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