"É difícil para alguém como Che Guevara movimentar-se bem nos corredores dos ministérios como o fazia pelas veredas de Sierra Maestra. Difícil a adaptação à nova fase, difícil aceitar com tranqüilidade a passagem do "grupo em fusão", quando guerrilheiros e sociedade confundem-se em um único desejo comum - viver sem grilhões, em paz e felicidade -, para o momento da institucionalização da revolução, quando se torna mais séria - mais amarga. Guevara parte para novas aventuras. Aventuras que reuniam as viagens de aprendizado político com aquelas da "formação do espírito" do "homem novo". (...)
Como Licurgo, o Che abdica do poder e a ele prefere continuar em sua atividade de preceptor, pedagogo e legislador (...). Em plena floresta boliviana (...), sentado no chão, um fuzil-metralhadora repousando a tiracolo, um homem barbudo estranho lê o Fausto do Goethe (...) imagem que dá bem a idéia de sua complexidade e sofisticação e que unifica todos os aspectos do guerreiro-legislador no sentido de Montesquieu e Rousseau: um condottieri-legislador ou, valendo-se de Rousseau, um guerrilheiro bom e virtuoso".
(Luiz Roberto Salinas Fortes. "Che, Vinte Anos Depois").
09 October 2008
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