26 August 2006

Somos os mesmos

A surpresa maior que nos espera é descobrir, através da relação com o outro, como também não nos conhecemos. Pessoas banais reafirmam tudo o que já sabemos que somos. Fortalecemos convicções no contato com quem não nos acrescenta. Se cogitarmos a opção de que todo mundo acrescenta alguma coisa para alguém, podemos mudar esta tese para a de que somos a mesma pessoa de sempre quando estamos na companhia de alguém por quem não valha a pena ser diferente. E depois de um tempo, muitos casais se separam ou se entendiam não porque o “outro” continua o mesmo (as mesmas idéias, as mesmas manias, os mesmos sonhos), mas porque nós também não mudamos tanto quanto gostaríamos. De repente, percebemos que os dilemas e os medos são quase os mesmos; que somos capazes das mesmas reações diante de determinados fatos e que, sobretudo, nos adaptamos a uma nova realidade, porém não conseguimos mudar por ela. Somos os mesmos e esta constatação nos mata.

(Rio, 02 de julho de 2005)

1 comment:

Diogo B.F. said...

Aristoteles dizia que nossos amigos eram os nossos iguais, onde identificavamos nos mesmos. Nietzsche dizia que o seu melhor amigo eh o seu inimigo. ;)
Exatamente...