Vivo para evitar o medo que a vida traz. A sensação cretina que nos aflige sempre que tudo pode dar errado. Ou certo. O ar engasgando a garganta e o nó no peito acelerado. A possibilidade de perder o passado para ganhar o futuro. Toda a sorte de sentimentos e recordações que nos invade no momento decisivo.Acelero e ultrapasso o ritmo dos acontecimentos. Antecipo decisões para não retirá-las da jogada. Eu não seria o pulo do penhasco, mas a corrida desatinada que o precede, quando não há mais cores ou sons, só a certeza do que não pode mais ser desfeito. Sou o que não volta atrás nem pára, pois há muito perdi os freios e a ré. Vivo no silêncio dos segundos que separam o que foi e o que será. Sou a efemeridade do nada. Pois então vivo sem economizar pulos ou quedas. Vivo para ser um corpo no ar, impotente em relação a si mesmo. Sou puro movimento interno.
(Rio, 10 de maio de 2006)
26 August 2006
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